Data: enero 21, 2017 | 23:55
A FÉ DO POVO ACREANO | O padre Francisco das Chagas disse que a procissão reuniu quasi 15 mil fiéis. O Santo era um soldado romano que sofreu martírio por sua crença...

SÃO SEBASTIÃO, O PADROEIRO GUERREIRO DO XAPURÍ

A 115ª edição da procissão em celebração ao Dia de São Sebastião reuniu milhares de fiéis em Xapuri, a 188 km de Rio Branco. | Foto Vilaní Cristina

© Textos: João Renato Jácome do Ac24horas.com | Aline Nascimento do G1 AC © Fotos: Vilani Cristina Silva de Oliveira

A procissão foi iniciada após a Santa Missa, prevista para começar às 16h, na Igreja São Sebastião, localizada na rua Benjamin Constant. | Foto Vilaní Cristina

O Padroeiro do Xapuri, São Sebastião, foi festejado nesta sexta-feira, dia 20, por milhares de fiéis que seguiram em procissão por diversos bairros da cidade e assistiram a missas e terços programados especialmente para homenageá-lo na paróquia que leva o mesmo nome e fica no Centro do município.

As comemorações na paróquia começaram no ultimo dia 11, quando se iniciou a novena de São Sebastião. Nesta sexta, ao menos 14 mil pessoas participaram da procissão que cortou, num percurso de 3km, as principais ruas da cidade. Em todo o trajeto, a imagem do santo padroeiro foi levada à frente do público.

Antes da procissão, no entanto, a igreja da cidade ficou pequena para a quantidade de fiéis que foram até lá para pagar promessas ou apenas participar das celebrações. Muitos deles, discretamente, preferiram apenas fazer uma foto ao lado das imagens de Maria e São Sebastião. Mas foi a Léia Ferreira, do estado de São Paulo, quem chamou a atenção momentos antes da procissão ser iniciada.

Venho todos os anos e pago minhas promessas. Vim uma vez e me contaram que esse santo fazia milagres. Eu pedi, tive fé e consegui. Demorou um pouco, mas consegui o que eu almejava. Prometi que todos os anos, sendo possível, eu viria para participar das atividades. Fiquei quatro dias na cidade”, conta Léia.

LEMBRAZAS DO REVOLUÇÃO ACREANA

Uma relíquia arquitectõnica que conserva viva a memoria de Xapurí como cenario gestor da Revolução. | Foto Sol de Pando

Seis meses antes que Plácido de Castro tomasse a então Vila Mariscal Sucre, controlada pelos bolivianos, no dia 6 de agosto de 1902, dando início à Revolução Acreana, um grupo de cem pessoas saiu em procissão pelas ruas do vilarejo, dando início a uma das mais importantes manifestações religiosas do Acre: a festa de São Sebastião, o santo padroeiro de Xapuri.
Não existem registros documentais das origens da procissão de São Sebastião na cidade. As informações são baseadas em depoimentos de pessoas da época que foram sendo repassadas às novas gerações. A história conta que imagem do santo chegou à Xapuri em 1912, vinda da Itália, antes de ser embarcada para o Brasil pelo poeta e escritor Gabrielle DAnnunzio, autor do livro O martírio de São Sebastião.
No decorrer de 115 anos de realização ininterrupta, a festa do santo padroeiro de Xapuri cresceu e extrapolou a esfera religiosa. Os dias de janeiro que antecedem o Vinte, como passou a ser chamada a data da grande procissão, são marcados pela chegada de uma grande multidão de romeiros, turistas e comerciantes à cidade, que por vezes, triplicam o número de habitantes da zona urbana.
Xapuri se transforma nesta época em um grande centro religioso e comercial temporário, onde as ruas são fechadas ao trânsito de veículos para dar lugar aos tradicionais marreteiros, que se deslocam de vários locais do Acre e de outros estados. As festas noturnas começam a acontecer a partir desta quinta-feira, 15, em vários pontos da cidade.
Com dados do JusBrasil.com.br

No decorrer de 115 anos de realização ininterrupta, a festa do santo padroeiro de Xapuri cresceu e extrapolou a esfera religiosa. | Foto Vilaní Cristina

O prefeito da cidade, Bira Vasconcelos, a vice-governadora do Acre, Nazareth Araújo, e demais políticos participaram das celebrações que contaram com o poio de centenas de fiéis para acontecer. Para a idosa Francisca Magalhães, de 78 anos, esse é o momento de pedir ao santo que ilumine e abençoe o novo ano.

A gente pede só que tenha menos violência. Ninguém pode mais sair de casa que já fica com medo de morrer. A gente precisa de paz e de uma cidade sem violência. Jesus nos ensina a levar a paz, e São Sebastião vai nos ajudar a iluminar os caminhos de Xapurí e do Acre. Viva São Sebastião. Ele é forte demais”, afirmou, emocionada.

A crónica do G1 AC

Pedindo graças e pagando promessas, os católicos percorreram as principais ruas da cidade acreana de Xapurí. | Foto Vilaní Cristina

A 115ª edição da procissão em celebração ao Dia de São Sebastião reuniu milhares de fiéis em Xapuri, a 188 km de Rio Branco. A procissão iniciou, por volta das 16h, após a Santa Missa, na Igreja São Sebastião, na Rua Benjamin Constant. Pedindo graças e pagando promessas, os católicos percorreram as principais ruas da cidade com velas e imagens nas mãos. O Dia de São Sebastião é celebrado em 20 de janeiro.

A procissão foi encerrada por volta das 19h, quando os devotos de São Francisco, padroeiro da cidade, retornaram à igreja. O padre Francisco das Chagas disse ao G1 neste sábado (21) que a procissão reuniu entre 10 a 15 mil fiéis.

SÃO SEBASTÃO, UM GUERREIRO DEFENSOR DA IGREJA

O Dia de São Sebastião é celebrado em 20 de janeiro. | Foto Vilaní Cristina

São Sebastião era um soldado romano que foi martirizado por professar e não renegar a fé em Cristo Jesus. Sua história é conhecida somente pelas atas romanas de sua condenação e martírio. Nessas atas de martírio de cristãos, os escribas escreviam dando poucos detalhes sobre o martirizado e muitos detalhes sobre as torturas e sofrimentos causados a eles antes de morrerem. Essas atas eram expostas ao público nas cidades com o fim de desestimular a adesão ao cristianismo.
Nasceu na cidade de Narbona, na França, em 256 d.C. Seu nome de origem grega, Sebastós, significa divino, venerável. Ainda pequeno, sua família mudou-se para Milão, na Itália, onde ele cresceu e estudou. Sebastião optou por seguir a carreira militar de seu pai.
No exército romano, chegou a ser Capitão da 1ª da guarda pretoriana. Esse cargo só era ocupado por pessoas ilustres, dignas e corretas. Sebastião era muito dedicado à carreira, tendo o reconhecimento dos amigos e até mesmo do imperador romano, Maximiano. Na época, o império romano era governado por Diocleciano, no oriente, e por Maximiano, no ocidente. Maximiano não sabia que Sebastião era cristão. Não sabia também que Sebastião,  sem deixar de cumprir seus deveres militares, não participava dos martírios nem das manifestações de idolatria dos romanos.
Por isso, São Sebastião é conhecido por ter servido a dois exércitos: o de Roma e o de Cristo. Sempre que conseguia uma oportunidade, visitava os cristãos presos, levava uma ajuda aos que estavam doentes e aos que precisavam.
De acordo com Atos apócrifos atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião teria se alistado no exército romano já com a única intenção de afirmar e dar força ao coração dos cristãos, enfraquecidos diante das torturas.

Xapuri se transforma nesta época em um grande centro religioso no Estado do Acre. | Foto Vilaní Cristina

Ao tomar conhecimento de cristãos infiltrados no exército romano, Maximiano realizou uma caça a esses cristãos, expulsando-os do exército. Só os filhos de soldados ficaram obrigados a servirem o exército. E este era o caso do Capitão Sebastião. Para os outros jovens a escolha era livre. Denunciado por um soldado, o imperador se sentiu traído e mandou que Sebastião renunciasse à sua fé em Jesus Cristo. Sebastião se negou a fazer esta renúncia. Por isso, Maximiano mandou que ele fosse morto para servir de exemplo e desestímulo a outros. Maximiano, porém, ordenou que Sebastião tivesse uma morte cruenta diante de todos. Assim, os arqueiros receberam ordens para matarem-no a flechadas. Eles tiraram suas roupas, o amarraram num poste no estádio de Palatino e lançaram suas flechas sobre ele. Ferido, deixaram que ele sangrasse até morrer.
Irene, uma cristã devota, e um grupo de amigos, foram ao local e, surpresos, viram que Sebastião continuava vivo. Levaram-no dali e o esconderam na casa de Irene que cuidou de seus ferimentos.
Depois de curado, Sebastião continuou evangelizando e se apresentou ao imperador Maximiano, que não atendeu ao seu pedido. Sebastião insistia para que ele parasse de perseguir e matar os cristãos. Desta vez o imperador mandou que o açoitassem até morrer e depois fosse jogado numa fossa, para que nenhum cristão o encontrasse. Porém, após sua morte, São Sebastião apareceu a Lucina, uma cristã, e disse que ela encontraria o corpo dele pendurado num poço. Ele pediu para ser enterrado nas catacumbas junto dos apóstolos.
Alguns autores acreditam que Sebastião foi enterrado no jardim da casa de Lucina, na Via Ápia, onde se encontra sua Basílica. Construíram, então, nas catacumbas, um templo, a Basílica de São Sebastião. O templo existe até hoje e recebe devotos e peregrinos do mundo todo.
Tal como São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge nos séculos XIV e XV, tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa. São Sebastião é celebrado no dia 20 de janeiro. Existe também uma capela em Palatino, com uma pintura que mostra Irene tratando das feridas de Sebastião. Irene também foi canonizada e sua festa é no dia 30 de março.
Com dados de Cruz Terra Santa

A procissão presidida por o padre Francisco das Chagas, pároco da igreja de São Sebastão em Xapurí. | Foto Vilaní Cristina

«Alguns deram testemunhos de graças recebidas, outras vão para pagar promessa, entram de joelhos na igreja. São várias maneiras de agradecimentos. Tem igreja de São Sebastião em Epitaciolândia e Rio Branco também«, disse o padre das Chagas.

O reverendo acrescentou que os fiéis rezaram pedindo paz mundial, mas com um pedido especial pelo Brasil. Para o padre, os devotos demonstraram mais fé e religiosidade durante a procissão.

«Esse ano as pessoas estavam com uma fé muito mais forte. Estavam mais participativas. Pedimos pelos governantes dos municípios, estados e Brasil. Vejo que aquela religiosidade popular das pessoas, que parece está adormecida, mas quando chegam esses momentos, a gente vê pessoas de todo canto que são fiéis«, descreveu.

ORAÇÃO A SÃO SEBASTIÃO

São Sebastião glorioso mártir de Jesus Cristo e poderoso advogado contra a peste, defendei a mim, minha família e todo o país do terrível flagelo da peste e de todos os males para que servindo a Jesus Cristo alcancemos a graça de participar de vossa Glória no céu. Amém.

O testemunho do padre Francisco das Chagas Monteiro

O padre das Chagas junto ao jornalista boliviano Wilson García Mérida, Diretor do Sol de Pando, desterrado de seu país pela persecução dum Ministro do Governo da Bolívia, em maio de 2016. | Foto Flávio Nascimento

De acordo com o padre Francisco das Chagas Monteiro dos Santos, párrco da Igreja de São Sebastião do Xapurí, «grande parte das pessoas vai para a procissão para agradecer por terem sido atendidas com alguma benção, para pagar promessas e também por tradição de família mesmo, pois muitos aproveitam a ocasião para reunir a família e rever alguns familiares e amigos«, disse o padre.

Santos destaca ainda, que a procissão é um momento de pedir um ano melhor para os moradores de Xapuri e também de outros municípios do Acre que foram atingidos pela cheia histórica do Rio Acre em 2015. As águas do Rio Acre chegaram a invadir a igreja São Sebastião quando o nível do rio ultrapassou os 18 metros no município.

«Foi um momento difícil para todos, por isso, é o momento de pedir a benção de São Sebastião para que não aconteça novamente uma enchente como a do ano passado. Percebemos que este ano as pessoas estão mais empenhadas e interessadas na procissão. Esperamos que todos tenham suas bênçãos alcançadas e continuem vindo todos os anos«, finaliza.

São Sebastião o Soldado Mártir | VIDEO

A Filha de São Sebastião| DOCUMENTÁRIO

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